Foobá conversou com Glêdson Bezerra, prefeito eleito de Juazeiro do Norte

Em entrevista concedida ao repórter Paulo Junior, o político fala sobre as expectativas de transição, além de abordar a questão do indeferimento de sua candidatura




Eleições

O foobá dialogou com o próximo prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra foi eleito no último domingo, 15, mantendo a tradição da cidade de não reeleger os seus mandatários. O político do Podemos atingiu 38,18% dos votos válidos, ou seja, mais de 50 mil votos. Glêdson irá assumir a prefeitura a partir de 1° de janeiro de 2021, no entanto, antes disso terá que sanar questões jurídicas que ainda estão pendentes. Em entrevista ao foobá, o agora prefeito eleito, abordou essa questão, além de dispor sobre suas prioridades no mandato, processo de transição e sobre a relação com o governador Camilo Santana e com o presidente Bolsonaro.

Veja a seguir a íntegra da entrevista concedida pelo político.

Poucos dias antes da eleição houve uma decisão do TRE-CE indeferindo a sua candidatura. Diante disso, como o senhor avalia essa posição e o impacto dessa decisão para o resultado das urnas?

Eu só vim ter a real dimensão do impacto quando terminou a campanha, quando apurou. Porque nós tínhamos pesquisas internas que me colocavam a frente com mais de 11% dos votos, a gente tinha tanta segurança disso, que eu estava extremamente seguro quanto a nossa campanha. Quando saiu essa decisão monocrática, absurda, porque uma decisão monocrática de um juiz de tribunal não pode reformar a decisão de um juiz de primeiro grau, e a do juiz daqui disse que Glêdson estava apto. Portanto, a nossa candidatura foi registrada. Aí essa juíza tomou essa decisão monocrática, e essa decisão acabou nos prejudicando de sobremaneira, porque eu encontrei na rua pessoas que diziam: Eu ia votar, eu ia votar. E isso se repetiu muito. Se essas tantas pessoas que eu tive a oportunidade de conversar e explicar o que aconteceu, elas mudaram de ideia, imagine os milhares que eu não consegui conversar. E pra selar, quando abriram as urnas nós vencemos apenas por dois pontos de diferença, quando nós tínhamos uma diferença muito grande nos bastidores, nas pesquisas internas. Então, somada aquela pesquisa absurda que nos colocou doze pontos atrás. Que justificativa tem? Ainda mais se no dia da eleição nós ficamos dois pontos na frente, uma diferença de quatorze pontos, ou é incompetência ou má fé. Então, somando isso tudo, eu não sei precisar o impacto, mas nós corremos o risco de perder a eleição por conta dessas ações.

Qual a perspectiva da sua assessoria jurídica de reverter essa decisão em tribunais superiores?

É questão de tempo, a perspectiva é de que isso vai dar certo o quanto antes. Eu acredito na Justiça do nosso estado, e sei que a justiça será feita e será reestabelecida. Nós já temos um parecer Ministério Público Eleitoral que nos  é favorável, nós temos uma indignação no meio jurídico, pelo modo como tudo aconteceu, uma decisão faltando três dias às 01h30 da madrugada, e sem chances de defesa pra gente, a gente tendo que ir ao processo eleitoral dessa forma. Todos os juristas que nós conversamos classificaram a decisão como absurda. A verdade será reestabelecida. Portanto acredito que é questão de tempo para que o Pleno (do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará) se reúna e resolva essa questão.

Quais as expectativas para o processo de transição junto ao atual prefeito Arnon Bezerra?

Pelo perfil do atual prefeito, inclusivo quero parabenizá-lo pela votação expressiva que ele tirou, eu acredito que será possível fazer uma transição tranquila. Já liguei para o prefeito Arnon Bezerra para parabenizá-lo, não consegui, e deixei mensagem no WhatsApp pedindo um momento na agenda dele, para nos encontrarmos e estabelecermos os critérios dessa transição, ainda não recebi resposta. Mas já estamos protocolando, junto ao setor jurídico que me acompanha, um pedido junto ao gabinete da prefeitura, acredito que hoje nós consigamos. Espero que seja uma transição tranquila.

 Quais serão as suas prioridades a frente da Prefeitura de Juazeiro do Norte?

Primeiro temos que tomar pé da situação, essa transição vai nos ajudar para isso, e nós temos que entrar de cabeça, profundamente, no sentido de reduzir custos no nosso município. Reduzir custos de contratos superestimados com empresas que estão recebendo valores muito elevados. Nós precisamos rever essa questão, precisamos cuidar do dinheiro público, porque Juazeiro do Norte não tem arrecadação própria boa, nós precisamos de transferências no Governo Federal e Estadual, e nós não somos uma cidade pequena, então não poderíamos viver com essa realidade. Então, uma vez economizado esse dinheiro, nós pretendemos urgentemente cuidar da saúde do município, que foi o grande clamor das pessoas, e organizar outros setores.

Como o senhor projeta a relação com o governador Camilo e com o executivo federal?

Eu vejo o Camilo Santana como um estadista, ele tem um lado e na política isso é normal. Mas nós temos do nosso lado um vice-prefeito que é muito amigo do governador, amigo particular, e isso é claro e notório. Inclusive, acredito que a vinda dele pra cá foi um pouco refreada pela grande amizade que ele tem com nosso vice, Dr. Giovanni Sampaio. Já liguei para ele, a primeira ligação para autoridade que eu fiz foi para o governador Camilo, dizendo a ele da necessidade do município, que ele já conhece, Juazeiro tem essa deficiência de arrecadação própria. Portanto precisa demais do Governo do Estado. Ele foi muito solícito, gentil, se colocou a disposição de Juazeiro do Norte, e eu tenho dito que ele basta fazer o que já vem fazendo, que Juazeiro irá ganhar muito com isso. Já entrei em contato, ontem, com pessoas que podem me ligar diretamente com o Governo Federal, pelas mesmas razões, Juazeiro não tem como se virar sozinho, nós precisamos, e muito, dos repasses federais, até mais do que dos estaduais, quando se considera o volume. Falei, também, com o Senador Eduardo Girão, e ele já se colocou a disposição para que quando passe a transição nós possamos ir até Brasília, conversei também com a deputada Renata Abreu, presidente do meu partido, para nos colocar em linha com o presidente Bolsonaro ou com ministros dele, para que tenhamos essa abertura também com o espaço federal.

Houve um fato que marcou bastante a sua campanha, que seria a relação do senhor com o bolsonarismo. O senhor se define como bolsonarista? Como o senhor se define politicamente?

Hoje me perguntaram isso, quando eu estava falando antes da eleição parecia uma resposta escorregadia, mas vou seguir dizendo a mesma coisa que eu sempre disse. Eu não sou camilista, não sou cidista, eu não sou bolsonarista, eu sou flamenguista. Quando digo isso as pessoas pensam que é brincadeira, mas é a coisa mais séria do mundo, porque time de futebol a gente torce. Porém, se tratando de política isso não cola. Eu sou ista até você acertar, no momento que você errar, seja lá a temática que for, eu vou me posicionar e dizer se eu concordo ou não. Eu sou de causas. Então, eu torço para que eles acertem, tenho minhas preferências, minhas votações, como todo cidadão tem seu direito de votar e ser votado. Agora, eu não me dou ao luxo de dizer que sou ista de ninguém, porque eu sou camilista ou bolsonarista até o momento que eles acertarem, na hora que eles errarem com a condução de alguma coisa de política pública, em alguma causa, eu estou ali pra criticar, pra dizer que não concordo. E é assim que a gente vai tentar fazer, agregar valores e cobrar responsabilidades deles com nosso município. Eu sou Juazeiro do Norte.